quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011


"De repente a morte passou a me atrair,
apenas com a promessa de ser melhor...
Eu não posso ir atrás da Antônia,
também não tenho espaço para outro relacionamento,
mas estou viva...
Agora preciso descobrir o que restou de mim,
o amor exige muito e tenho tão pouco pra dar,
nem sei se desse pouco se faz vida,
as emoções escorrem, nada penetra..."

Júlia (Ana Paula Arósio)


Imperdível!!!
Cinema Nacional

"Como Esquecer"

(Clique sobre a figura abaixo)
(obs: desligue o playlist, no canto superior direito da tela, antes de ver este vídeo.)

"O que será que é o contrário do amor?"

Baseado na obra de Myrian Campello, "Como Esquecer" é um relato íntimo e arrebatador das mais profundas emoções originadas de relacionamentos (principalmente daqueles que foram perdidos). Afinal, quem nunca foi  "deixado"?

Enredo muito bem estruturado, permeado pela riqueza de texto e cenas provocantes, como o beijo entre Júlia (Ana Paula Arósio) e Helena (Arieta Corrêa).

Envoltos pela mesma dor, as vidas de Júlia, Hugo (Murilo Rosa) e Lisa (Natália Lage) se  entrelaçam, motivados por um simples e poderoso sentimento, a solidariedade. "O sofrimento do outro é sempre desagradável, lembra nossas dores passadas, ou dores que virão" (texto integrante do filme).

A mente em euforia...mas, o corpo, muitas vezes, em inércia incontida.
"Você conhece alguma coisa mais real do que um fantasma? O tempo não tem fim, mas ele é o fim. Algum preço a gente tem que pagar quando resolve fingir que a vida já voltou ao normal". Palavras de Júlia, professora de literatura inglesa, (personagem magníficamente interpretada por Ana Paula Arósio), mergulhada no luto inevitável pelo término de sua relação com Antônia.

"Só o amor é capaz de fazer esquecer quem amou antes, e fazer amar ainda mais quem amou antes", indaga Hugo, primo de Júlia, que tenta voltar ao seu cotidiano após a morte do companheiro.

Lisa, abandonada grávida pelo namorado, faz um aborto. "O mal já foi feito", desabafa.

Profundo e de imensa sensibilidade, "Como Esquecer" emociona e induz à reflexão. Classificado na categoria "Cult",  a produção de Elisa Tolomelli aponta como uma obra que não será facilmente esquecida. Evidência incontestável da qualidade na produção cinematográfica brasileira.


"A cada passo, a cada momento,
eu estava me  tornando um livro em branco,
será que esquecer é a mesma coisa que ter perdido?

Não há mudança sem trauma, 
toda a mudança configura o final de um período, 
a perda de um eu.

Só sei que quando a dor passa, dá uma paz, uma calma."

(Julia)

11 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom esse filme...

Anônimo disse...

Franz Kafka...não assisti o filme, mas pelo seu texto explicando o mesmo e pelo tema...acredito que apareça em um momento pessoal e particular para mim no sentido de perda, álias ontem assistindo ao Roda Viva na cultura que entrevista o Poeta Ferreira Gullar em determinados momentos da conversa foi possivel perceber essa sensação de perda e dor para o poeta com relação ao seu filho que tem problema de esquizofrenia e tal, lembro que no final do programa leu um poema dele sobre essa questão da perda, a mesma não aconteçe apenas com a morte em nossas vidas mais de outras formas e tudo +
Até +

Anne Elise Previdi (Galadriel) disse...

Oi, Fábio.

Pois, é...eu também já assisti uma entrevista em que Ferreira Gullar falou sobre a situação do filho.

A dor da perda (qualquer perda) geralmente é avassaladora (principalmente em perdas definitivas)...dor, esta, que apenas o tempo é capaz de suavizar...

Beijo grande!!!

Anônimo disse...

Franz Kafka...sim certamente + sabe que até esse lançe de perda da uma outra possibildade de visão sobre essas e outras coisas
até +

Anônimo disse...

Franz Kafka...nesse carnaval vou tentar ver o filme cisne negro é vc?

Anne Elise Previdi (Galadriel) disse...

Fábio.

Como disse Bruna Lombardi:
"Não exite perda, existe movimento..."

"O Cisne Negro" está em minha lista de "desejos"...ainda não sei quando vou poder assistí-lo, pois estou com emprego novo (2, na verdade) e estou tendo que correr um pouco, pelo menos agora, no começo...

Depois me diga o que vc achou do filme...

Beijos!!!

Guga Pitanga disse...

Como esquecer foi uma bela surpresa. Roteiro fantástico, atuação impecável da Ana Paula Arósio. Uma história que doeu para assistir, mas que marcou como um dos melhores filmes nacionais dos últimos tempos. Escrevi uma postagem sobre o filme no meu blog, e coloquei um link aqui para o seu para as pessoas saberem mais sobre ele. :-)

MUITO obrigado pela dica do filme e pela cia.

Bjão,
Gus

Anônimo disse...

Franz Kafka...finalmente consegui assistir o Cisne Negro, então vamos á ele:
O Cisne Negro

O filme realiza um convite ao telespectador para vivenciar esses dois personagens Cisne Negro/Cisne Branco vivido por Natalie Portman logo no inicio do filme.
O filme toca na questão da dualidade, vivida no palco e na vida pessoal da personagem e sua obcessão em ser " Perfeita", algo álias recorrente na nossa sociedade, tanto na vida profissional e familiar.
Ele toca em outras feridas também pelo menos em minha percepção do filme anorexia é a busca pelo corpo esbelto,na inveja ou como diz a expressão: Puxar o Tapete!,
na maneira como sómos ou não envolvidos naquilo que fazemos ou deixamos de fazer e se assim posso dizer, em como a sociedade e o individuo se sente bem retraido quando está diante desse todo, diante de si mesmo e se irá sobreviver aos leões, frase que apareçe no filme dita pelo personagem do Vicent Cassel.,álias no filme o uso de espelhos, como forma de narrativa,dita muito bem os problemas vividos pela personagem nesse universo e no que falei acima, como é aquela frase espelho, espelho quem é + bonito do que eu?, diria que o problema vai além do espelho e de forma mais profunda.
Dança,Movimento,Corpos e a Morte alguns elementos que conduzem o filme,Provocação,Alucinação,Dor,Pressão são outros também.
Por fim, vale muito apena ver o filme de forma pessoal diria que em algumas vezes a sensação de estar adentrando o Coliseu de Roma, com uma platéia ao seu redor e desafios para sobreviver a tudo isso,aconteçe não só nas telas e no palco, mais na vida e no dia á dia!!!
O filme conta justamente sobre essa transformação da personagem nos palcos, em sua vida pessoal, enquanto mulher na sociedade, pois sua personagem e submissa, de forma que até o personagem do Vicent Cassel a interpela e determinado momento do filme, ou seja, uma Menina ou Mulher que ainda não se descobriu como tal com os outros, com a mãe e consigo mesma., prova disso que ela em determinado ponto do filme se masturba e idealiza uma relação sexual,amor ou transa com outra mulher.
Álias acredito que por isso que o filme perdeu para o Discurso do Rei, pq ele toca em feridas de forma profunda e ampla, coisa que o ganhador da noite do oscar talvez o faça mais de uma maneira conservadora e sem riscos.
Recomendo que vc assista aos filmes 127 Horas, Bravura Indómita também
Até +++ Anne Elise

Anne Elise Previdi (Galadriel) disse...

Oi, Fábio.

Ainda não consegui colocar meus filmes em dia.
Mas, já coloquei suas dicas na lista.

Obrigada.

Beijos.

Wait disse...

Realmente o filme é ótimo. Gostei muito. Você praticamente resumiu a parte que eu queria relembrar.

Anônimo disse...

Como esquecer?
Julias, Antonias, Helena...
Dentro de cada um de nós moram diferentes Antonias. A Antonia não precisa ser
necessariamente uma namorada que vai embora, mas sim uma dor.. existe a perda de um filho
chamado Antonia, a perda da vivacidade de uma mãe chamada Antonia, a dor de perder um
ente querido, e sim um amor... impossível viver e não ter uma Antonia em nós deixando
cicatrizes.
Eu tive uma Antonia que viveu dentro de mim por algumas semanas... mas a perdi com isso
também me perdi.... a dor foi absurda.. a morte me atraiu... mas hoje sei que muita coisa
sobrou de mim.
“Não há mudança sem trauma, toda a mudança configura o final de um período, a perda de
um eu.
Julias!! As conheço sim. Julias que deixam se salvar e Julias que não conseguem se salvar, Julias
que mesmo após anos de convívio não conseguem amolecer e viver de uma forma leve, Julias
que se prendem em seu mundo, Julias que vivem de uma cumplicidade superficial..
impenetrante.. me pergunto se ela se perdeu para sempre ou se para cada Julia existe uma
Helena própria? Ou o porquê demoramos tanto para descobrir que talvez não somos a Helena
certa? A superficialidade nos machuca, nos deixa abertos para encontrarmos outras Julias e
no dá oportunidade de tirarmos o nosso livro da vida, há tempos esquecido, de dentro da
gaveta.
Assinado Helena