quarta-feira, 29 de abril de 2009

"É Festa"
Voz: Simone
Composição: Ivan Lins e Paulo Cesar Pinheiro

(obs: não esqueça de desligar a fita cassete)

terça-feira, 28 de abril de 2009

"...Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida...

E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Que é uma pena
Mas, você não vale a pena..."


Trecho de "Não Vale A Pena"
Maria Rita
Composição: J. E P. Garfunkel

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Petúnia Resedá
Voz: Simone
(Composição: Gonzaguinha)

"....Muito que andar por aí
Muito que viver por aqui
Muito que aprender
Muito que aprontar
Por aí..."

Para ver este vídeo, desligue a fita cassete ao lado superior direito

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lançamento
Videoclipe "Meu Mundo"
Banda Mixtape

Obs: antes de ver o vídeo, clique no botão "stop" na fita cassete no canto superior direito da página.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"Eu só não te convido pra dançar
Porque eu quero encontrar com você em particular
Há tempos tento encontrar um bom momento
Alguma ocasião propícia
Pra que eu possa pegar sua mão, olhar nos olhos teus
Seria bom, quatro paredes, eu, você e Deus..."

Trecho de "Quatro Paredes"
(Marisa Monte/ Arnaldo Antunes / Cézar Mendes)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Chorinho para a amiga

Se fosses louca por mim, ah eu dava pantana, eu corria na praça, eu te chamava para ver o afogado. Se fosses louca por mim, eu nem sei, eu subia na pedra mais alto, altivo e parado, vendo o mundo pousado a meus pés. Oh, por que não me dizes, morena, que és louca varrida por mim? Eu te conto um segredo, te levo à boate, eu dou vodca pra você beber! Teu amor é tão grande, parece um luar, mas lhe falta a loucura do meu. Olhos doces os teus, com esse olhar de você, mas por que tão distante de mim? Lindos braços e um colo macio, mas porque tão ausentes dos meus? Ah, se fosses louca por mim, eu comprava pipoca, saía correndo, de repente me punha a cantar.

Dançaria convosco, senhora, um bailado nervoso e sutil. Se fosses louca por mim, eu me batia em duelo sorrindo, caía a fundo num golpe mortal. Estudava contigo o mistério dos astros, a geometria dos pássaros, declamando poemas assim: "Se eu morresse amanhã... Se fosses louca por mim... ". Se você fosse louca por mim, ô maninha, a gente ia ao Mercado, ao nascer da manhã, ia ver o avião levantar. Tanta coisa eu fazia, ó delícia, se fosses louca por mim! Olha aqui, por exemplo, eu pegava e comprava um lindo peignoir pra você. Te tirava da fila, te abrigava em chinchila, dava até um gasô pra você. Diz por que, meu anjinho, por que tu não és louca-louca por mim? Ai, meu Deus, como é triste viver nesta dura incerteza cruel! Perco a fome, não vou ao cinema, só de achar que não és louca por mim. (E no entanto direi num aparte que até gostas bastante de mim...). Mas não sei, eu queria sentir teu olhar fulgurar contra o meu. Mas não sei, eu queria te ver uma escrava morena de mim. Vamos ser, meu amor, vamos ser um do outro de um modo total? Vamos nós, meu carinho, viver num barraco, e um luar, um coqueiro e um violão? Vamos brincar no Carnaval, hein, neguinha, vamos andar atrás do batalhão? Vamos, amor, fazer miséria, espetar uma conta no bar? Você quer quer eu provoque uma briga pra você torcer muito por mim?

Vamos subir no elevador, hein, doçura, nós dois juntos subindo, que bom! Vamos entrar numa casa de pasto, beber pinga e ceveja e xingar? Vamos, neguinha, vamos na praia passear? Vamos ver o dirigível, que é o assombro nacional? Vamos, maninha, vamos, na rua do Tampico, onde o pai matou a filha, ô maninha, com a tampa do maçarico? Vamos maninha, vamos morar em jurujuba, andar de barco a vela, ô maninha, comer camarão graúdo? Vem cá, meu bem, vem cá, meu bem, vem cá, vem cá, vem cá, se não vens bem depressinha, meu bem, vou contar para o seu pai. Ah, minha flor, que linda, a embriaguez do amor, dá um frio pela espinha, prenda minha, e em seguida dá calor. És tão linda, menina, se te chamasses Marina, eu te levava no banho de mar. És tão doce, beleza, se te chamasses Teresa, eu teria certeza, meu bem.

Mas não tenho certeza de nada, ó desgraça, ó ruína, ó Tupá! Tu sabias que em ti tem taiti, linda ilha do amor e do adeus? tem mandinga, tem mascate, pão-de-açúcar com café, tem chimborazo, kamtchaka, tabor, popocatepel? tem juras, tem jetaturas e até danúbios azuis, tem igapós, jamundás, içás, tapajós, purus! - tens, tens, tens, ah se tens! tens, tens tens, ah se tens! Meu amor, meu amor, meu amor, que carinho tão bom por você, quantos beijos alados fugindo, quanto sangue no meu coração! Ah, se fosses louca por mim, eu me estirava na areia, ficava mirando as estrelas. Se fosses louca por mim, eu saía correndo de súbito, entre o pasmo da turba inconsútil. Eu dizia : Woe is me! Eu dizia: helàs! pra você… Tanta coisa eu diria que não há poesia de longe capaz de exprimir. Eu inventava linguagem, só falando bobagem, só fazia bobagem, meu bem. Ó fatal pentagrama, ó lomas valentinas, ó tetrarca, ó sevícia, ó letargo! Mas não há nada a fazer, meu destino é sofrer: e seria tão bom não sofrer. Porque toda a alegria tua e minha seria, se você fosse louca por mim…

Mas você não é louca por mim... Mas você não é louca por mim...

Vinícius de Moraes